A jornada da alma possui três níveis de evolução.
A medida em que você trabalha o primeiro nível você passa para o próximo, encarando novos desafios e novas experiências. Mas eles não são lineares. Você não vivencia apenas uma das fases necessariamente. Você pode estar envolvido em todas elas e vivenciar os desafios, aprendizados e bençãos de cada uma num mesmo momento. Mas você só passa mesmo para um segundo estágio sem voltar para o primeiro quando já aprendeu tudo o que tinha para aprender e realizar no estágio anterior.
Vamos então entender o que são esses três estágios..
A primeira fase da jornada é a relação de nós com nós mesmos. É preciso compreender que somos muitos “Nós” dentro de um ser só. Temos muitas personalidades, muitos “eus” que agem em diferentes momentos e as vezes diferentes “eus” que podem agir em um mesmo momento. Isso pode causar muita confusão, conflito e frustração interna, pois essas partes fragmentadas da nossa personalidade podem querer nos levar para diferentes direções e ficamos confusos. Não entendemos como podemos querer duas ou mais coisas ao mesmo tempo, como podemos amar e odiar uma mesma pessoa, como podemos desejar viver uma relação harmoniosa e ao mesmo tempo desejar alguém que nos faz mal. Não entendemos pois existem mecanismos que dificultam ou até mesmo impedem de enxergarmos essas diferentes fragmentações da nossa personalidade, esses diferentes “eus” que estão agindo e controlando nossas vidas e nos levando para lugares que muitas vezes não desejamos estar. Isso só acontece porque desconhecemos as diferentes partes em nós. Existem barreiras que nos impedem de vê-las com clareza.
A primeira fase envolve quebrar essas barreiras que nos impedem de conhecer os diferentes “eus” que nos habitam. O eu que tem ciúmes, o eu invejoso, o eu medroso, o eu que tem raiva, o eu preguiçoso, o eu vítima... diferentes partes da nossa sombra que buscamos não ter conhecimento. Mas quando não conhecemos deixamos que elas nos levem para lugares bem sombrios sem termos noção do que elas estão fazendo com a nossa vida. Esse mecanismo é auto perpetuador, ele não para até que tomamos consciência dele através da presença. A presença interrompe esse processo de autodestruição que constantemente nos colocamos.
A medida que você acessa e libera sentimentos guardados e reprimidos você impede a multiplicação de “eus” que te impedem de enxergar quem você verdadeiramente é.
Na presença e com o trabalho de liberar sentimentos reprimidos você vai podendo fazer acordos com o passado até se conectar com o verdadeiro Eu, o Eu superior.
Não é possível seguir para a segunda etapa da jornada sem antes fazer um acordo de paz com o passado e quebrar com todo e qualquer pacto de vingança com ele (que nós fazemos inconscientemente, e muito!). Portanto é preciso dedicar tempo e energia no trabalho de auto conhecimento e cuidado consigo. Esse é o ponto de partida para qualquer objetivo promissor ser alcançado.
A segunda fase da jornada é a relação de você com o outro.
Você só vai conseguir viver uma relação harmoniosa, com intimidade verdadeira quando você tiver integrado todas as partes que te habitam. Enquanto você não tiver compreendido quantos “eus” estão agindo em você e não tiver feito os acordos com o passado, você vai manter a barreira que te impede de experimentar o verdadeiro amor.
Se tiverem partes da sua história e da sua personalidade que você ainda não conseguiu olhar, compreender e prefere manter escondido, elas serão ativadas quando você se relacionar com o outro. Quanto mais sentimento estiver envolvido entre você e o outro, mais a tona virão as suas sombras. Por isso falamos que os relacionamentos são espelhos, porque nos fazem olhar para partes em nós que ainda não foram bem resolvidas.
Mas é possível que você esteja em um relacionamento amoroso, por exemplo, sem ter terminado a primeira fase. E é preciso entender que isso vai te impulsionar a olhar para os desafios da fase anterior da jornada. A segunda fase é, portanto, um reflexo do trabalho feito na primeira. Se você tiver conseguido se trabalhar internamente a ponto de não mais REagir, você está pronto para se relacionar com o outro, seja ele qual for, de maneira saudável e amorosa. Mas se ainda guardar acordos abertos com o passado e não tiver perdoado a si mesmo, a vida e a todos os que fizeram parte da sua história, você provavelmente não vai conseguir experienciar o verdadeiro fluxo de amor no relacionamento com todas as outras pessoas, incluindo a Terra.
A terceira fase é relação de você com o divino. Nesse momento é impossível sentir todas as bênçãos e o êxtase da conexão espiritual se ainda não conseguiu trabalhar as duas fases anteriores. É impossível, por exemplo, verdadeiramente amar o outro sem antes amar a si mesmo. Assim como é impossível se auto realizar sem antes estar pleno e presente no amor em todas as relações.
Você até pode se conectar à Deus, à Fonte, ao Amor ou qualquer palavra que queira usar para uma conexão espiritual, mas se ainda não fechou todas as cartas com o passado, em algum momento você será impulsionado a abri-las até que seja feito um acordo de paz.
Essa terceira fase inclui dissolver todas as vendas que nos impedem de enxergar o nosso estado de iluminação. Na verdade, não existe um caminho para a auto realização. Nós já somos realizados. O que existe é um trabalho para eliminar tudo o que nos impede de enxergar esse estado divino.
Se você ainda não tem uma fé plena e devoção pura é preciso trabalhar para isso. Como? Como você puder. Através da oração, da repetição de mantras, do canto devocional, da meditação, do serviço desinteressado e de todas as práticas que te ajudam a purificar os sentidos e consequentemente a purificar o coração.
Existem dois caminhos que nos levam a auto realização.
A auto investigação e a entrega.
A auto investigação pode ser vista como o caminho da meditação, do autoconhecimento.
A Entrega é o amor, a devoção.
Independente de qual caminho você escolher seguir os dois vão se encontrar em algum momento da jornada. Ambos precisarão ser trabalhados.
Nós já somos o amor, já somos iluminados. Não existe caminho para a iluminação, o nosso trabalho é purificar aquilo que nos impede de experienciar o estado de conexão com o Todo.
Como vimos, temos muito trabalho para frente, e não estamos sozinhos nessa. Todos que estão aqui vieram para isso, crescer.
Os amortecedores e ferramentas de alienação atrasam o nosso processo de evolução. Quando mais negamos o trabalho interno e continuamos culpando o outro ou a vida por nossas insatisfações mais nos afastamos de nós mesmos e mais infelizes nos tornamos. A felicidade só é alcançada quando podemos colocar o amor em movimento, e só conseguimos colocar o amor em movimento quando não temos mais alguém para apontar o dedo e exigir que façam aquilo que esperamos para sermos "felizes". Nós que precisamos ser canal para a felicidade do outro. Estamos sentados em cima de um baú de tesouros preciosos mendigando o que acreditamos precisar dos que passam pelo nosso caminho. Está na hora de mudar o jogo e começar o trabalho e a busca de dentro.
Não perca tanto tempo se alienando e acreditando numa vida sem sentido. Ela tem, e MUITO! Basta você se abrir a esse novo caminho.
Estamos juntos.
Com amor, Naiara Lofgren / Inspirado em um satsang com o mestre espiritual Sri Prem Baba.
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